Por Najla Passos, da Carta Maior
A Copa do Mundo do Brasil ainda não passou da primeira fase, mas já são
fartas as gafes, foras e barrigadas do mundial, especialmente fora do
campo. E, curiosamente, elas nada têm a ver com as previsões
das “cartomantes do apocalipse” que alardeavam que o país não seria
capaz de organizar o evento e receber bem os turistas estrangeiros.
Muito pelo contrário.
Os estádios ficaram prontos, os
aeroportos estão funcionando, as manifestações perderam força, os
gringos estão encantados com a receptividade brasileira e a imprensa
estrangeira já fala em “Copa das Copas”. Confira, então, os principais micos do mundial... pelo menos até agora!
1 - O fracasso do #NãoVaiTerCopa
Mesmo
com o apoio da direita conservadora, da esquerda radicalizada, da mídia
monopolista e dos black blocs, o movimento #NãoVaiTerCopa se revelou
uma grande falácia. As categorias de trabalhadores que aproveitam a
visibilidade do evento para reivindicar suas pautas históricas de forma
pacífica preferiram apostar na hashtag #NaCopaTemLuta, bem menos
antipática e alarmista. E os que continuaram a torcer contra o evento e o
país, por motivações eleitoreiras ou ideológicas, amargam o fracasso:
políticos perdem credibilidade, veículos de imprensa, audiência e o
empresariado, dinheiro!
2 – A vênus platinada ladeira abaixo
Desde
os protestos de junho de 2013, a TV Globo vem amargando uma rejeição
crescente da população. E se apostava no #NãoVaiTerCopa para enfraquecer
o governo, acabou foi vendo sua própria audiência desabar. Uma pesquisa
publicada pela coluna Outro Canal, da Folha de S. Paulo, com base em
dados do Ibope, mostra que no jogo de abertura da Copa de 2006, na
Alemanha, a audiência da Globo foi de 65,7 pontos. No primeiro jogo da
Copa de 2010, na África do Sul, caiu para 45,2 pontos. Já na estreia do
Brasil na Copa, neste ano, despencou para 37,5 pontos.
3 – #CalaABocaGalvão
Principal
ícone da TV Globo, o narrador esportivo Galvão Bueno é o homem mais bem
pago da televisão brasileira, com salário mensal de R$ 5 milhões. Mas,
tal como o veículo que paga seu salário, está com o prestígio cada vez
mais baixo. Criticar suas narrações virou febre entre os fãs do bom
futebol. E a própria seleção brasileira optou por assistir os jogos da
copa pela concorrente, a TV Band. O movimento #CalaABocaGalvão ganhou
ainda mais força! O #ForaGlobo também!
4 – A enquadrada na The Economist
A
revista britânica The Economista, que vem liderando o ranking da
imprensa “gringa” que torce contra o sucesso do Brasil, acabou
enquadrada por seus leitores. A reportagem "Traffic and tempers",
publicada no último dia 10, exaltando os problemas de mobilidade de São
Paulo às vésperas de receber o mundial, foi rechaçada por leitores dos
EUA, Japão, Holanda, Inglaterra e Argentina, dentre vários outros. Em
contraposição aos argumentos da revista, esses leitores relataram
problemas muito semelhantes nos seus países e exaltaram as qualidades
brasileiras, em especial a hospitalidade do povo.
5 – O assassinato da semiótica
Guru
da direita brasileira, o colunista da revista Veja, Rodrigo
Constantino, provocou risos com o texto “O logo vermelho da Copa”, em
que acusa o PT de usar a logomarca oficial do mundial da Fifa para fazer
propaganda subliminar do comunismo. Virou chacota, claro. O
correspondente do Los Angeles Times, Vincent Bevins, postou em seu
Twitter: “Oh Deus. Colunista brasileiro defendendo que o vermelho 2014
na logo da Copa do Mundo é obviamente uma propaganda socialista”. Seus
leitores se divertiram usando a mesma lógica para apontar outros
pretensos ícones comunistas, como a Coca-Cola (lol)!
6 – A entrevista com o “falso” Felipão
Ex-diretor
da Veja e repórter experiente, Mário Sérgio Conti achou que tivesse
tirado a sorte grande ao encontrar o técnico da seleção brasileira, Luiz
Felipe Scolari, em um voo comercial, após o empate com o México.
Escreveu uma matéria e a vendeu para os jornais Folha de S. Paulo e O
Globo, que a publicaram com destaque. O entrevistado, porém, era o ator
Wladimir Palomo, que interpreta Felipão no programa humorístico Zorra
Total. No final da conversa, Palomo chegou a passar seu cartão à Conti,
onde está escrito: “Wladimir Palomo - sósia de Felipão – eventos”. Mas,
tão confiante que estava no seu “furo de reportagem”, o jornalista achou
que era uma “brincadeirinha” do técnico...
7 – A “morte do pai” do jogador marfinense
O
jogador da costa do Marfim, Serey Die, caiu no choro quando o hino do
seu país soou no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Imediatamente, a
imprensa do Brasil e do mundo passou a noticiar que o pai dele havia
morrido poucas horas antes. A comoção vias redes sociais foi intensa. O
jogador, porém, desmentiu a notícia assim que pode. Seu pai havia
morrido, de fato. Mas há dez anos. As lágrimas se deveram a outros
fatores. "Também pensei no meu pai, mas é por tudo que vivi e por ter
conseguido chegar a uma copa do mundo”, explicou.
8 – “Vai pra casa, Renan!”
Cheio
de boas intenções, o estudante Renan Baldi, 16 anos, escolheu uma forma
bastante condenável de reivindicar mais saúde e educação para o país:
cobriu o rosto e se juntou aos black block paulistas para depredar
patrimônio público na estreia do mundial. Foi retirado do meio do
protesto pelo pai, que encantou o país ao reafirmar seu amor pelo filho,
mas condenar sua postura violenta e antidemocrática. A hashtag
#VaiPraCasaRenan fez história nas redes sociais!
9 – O fiasco do “padrão Fifa”
Pelos
menos 40 voluntários da Copa em Brasília passaram mal após consumir as
refeições servidas pela Fifa, no sábado (14), um dia antes do estádio
Mané Garrincha estrear no mundial com a partida entre Suíça e Equador.
Depois disso, não apareceu mais nenhum manifestante desavisado para
pedir saúde e educação “padrão Fifa” no país!
10 – Sou “coxinha” e passo recibo!
Enquanto
o Brasil e o mundo criticavam a falta de educação da “elite branca” que
xingou a presidenta Dilma no Itaquerão, a empresária Isabela Raposeiras
decidiu protestar pela causa oposta: publicou no seu facebook um post
contra o preconceito e à discriminação dirigidos ao que ela chamou de
“minoria de brasileiros que descente da elite branco-europeia”. “Não
sentirei vergonha pelas minhas conquistas, pelo meu status social, pela
minha pele branca”, afirmou. Virou, automaticamente, a musa da “elite
coxinha”.
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