23 de mai. de 2010

Estado Terror: Juventude negra e violência policial em São Paulo


José Carlos Júnior, Roberto Aparecido Ferreira, Eduardo Pinheiros dos Santos , Alexandre Menezes dos Santos. O que há em comum na história de vida deles? Negros, pobres, jovens e moradoras da periferia, todos eles foram assassinados por policiais militares. Apesar da PM insistir que são atos isolados, a periferia paulistana está cheia de tragédias humanas, cheia de mães que choram seus mortos na interminável violência policial.

Segundo dados do Mapa da Violência, da Unesco, os jovens negros têm 72% a mais de chances de serem mortos por armas de fogo. Em alguns estados, como Paraíba e Alagoas a taxa de homicídio entre eles é de mais de 300%. O mais preocupante é que apesar dos números, não há uma política pública de proteção à vida dos jovens negros urbanos. Em São Paulo, o que se vê é exatamente o contrário. A polícia paulista segue sendo uma das mais violentas do país.

Só para se ter uma idéia, entre 2003 e 2009 as polícias dos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo mataram juntas um total de mais de 11.000 pessoas, a maioria sendo jovens negros. Em São Paulo, o artifício das “resistências seguidas de morte” são uma verdadeira carta-branca para a polícia seguir matando. De acordo com a Human Rights Watch, “nos últimos cinco anos, houve mais mortes em supostos episódios de “resistência seguida de morte” no estado de São Paulo (2.176 mortes) do que mortes cometidas pela polícia em toda a África do Sul (1.623), um país com taxa de homicídio muito superior a São Paulo”.

Nos solidarizamos com as mães dos jovens negros assassinados pela PM, reconhecemos a conduta dos bons policiais e cobramos providências do governo do estado na mudança de orientação da PM e na garantia de políticas públicas para nossa gente. Afinal, a violência policial é a outra face da mesma moeda: as políticas de exclusão que condenam a juventude negra e pobre ao desemprego, à violência e à falta de acesso à universidade pública. “Estamos por nossa própria conta...”.

A foto acima, da Anistia Internacional, é referente à operação militar em uma favela do Rio de Janeiro. Lá também se repete o padrão sistemático de mortes.