27 de set. de 2010

As 'armações monstruosas' e o jornalismo criminoso da Folha de S. Paulo

MONSTRUOSA ARMAÇÃO
Brasília Confidencial

O filme “A Vila” não é lá grande coisa, mas seu cenário é cheio de metáforas: um lugarejo de onde ninguém ousa sair por medo de monstros que habitariam a floresta que o cerca. Alguém disse que os monstros existem, mas eles nunca foram vistos e ninguém tem coragem de procurar a verdade.

Há exatos três meses, em 12 de junho, o maior jornal do país publicou uma notícia que, embora não citasse nenhuma fonte, era taxativa: um “grupo de inteligência” do comitê eleitoral de Dilma Rousseff usara dados fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, na montagem de um dossiê contra Serra. Descobriu-se depois que outros sigilos teriam sido quebrados – da filha de Serra, do genro dele, de mais dois tucanos de alta plumagem – e ficou estabelecido a partir daí, como fato incontestável, que todos os dados acabaram fazendo parte do mesmo dossiê.

Assim como as feras da floresta de “A Vila”, os monstros que habitariam o submundo da campanha de Dilma nunca foram vistos em ação. Não há provas de que algum crime tenha sido cometido. Não há sequer indícios de que alguma ação clandestina tenha sido praticada. E praticamente ninguém teve coragem de procurar a verdade.

Até que...A própria Folha de S. Paulo, autora da denúncia, publicou ontem, sexta-feira, uma notícia que desmente, uma por uma, suas acusações.

Depois de 90 dias em que tratou as contestações de Dilma e do PT com arrogância, a Folha confessa, em texto sem assinatura, produzida pela sucursal de Brasília: o comitê de Dilma não produziu um dossiê; apenas teve acesso a um dossiê feito pelo PT de São Paulo há cinco anos atrás. Trata-se, na verdade, de uma papelada de cem páginas escrita pelo partido para solicitar que o Ministério Público e a Procuradoria da República investigassem possíveis irregularidades em privatizações tucanas, que poderiam ter beneficiado José Serra, sua filha e seu genro.

A Folha informa que o material que teria sido produzido pelo suposto “grupo de inteligência” da campanha de Dilma “é idêntico ao que o partido havia encaminhando cinco anos antes ao MP”. O jornal ainda confessa que as cem páginas produzidas pelo PT paulista resultam de “pesquisa em cartórios de registros de documentos, na Junta Comercial de São Paulo e em sites na Internet”. E mais: reconhece que “não há nesse lote de papéis indício de quebra de sigilo bancário ou fiscal”.

Não há monstros na floresta. Apenas mentira e medo para assustar os “moradores da Vila”. A Folha também não se retrata. Limita-se a noticiar “naturalmente” que MENTIU.

Durante 90 dias os grandes jornais e revistas adotaram as acusações da Folha como postulado e ponto de partida para a cobertura dos vazamentos de dados da Receita. Nos últimos 20 dias, praticamente não se falou em outra coisa, inclusive no Jornal Nacional, que tem dedicado blocos inteiros ao assunto.

Alguém vai pagar por isso? No momento, quem paga é o eleitor, privado de informações isentas da impresa. No dia 3 de outubro, a conta finalmente poderá ser jogada na mesa da oposição. E a Vila toda, poderá, enfim, passear livremente na Floresta.

Sem medo...Crê-se.

BRASÍLIA CONFIDENCIALwww.brasiliaconfidencial.inf.br

8 de set. de 2010

Minhas razões para não votar em Alckmin

Hesitei por muito tempo para escrever estas notas até porque há tempos perdi a inocência com o partido que amei. Mas minha esperança era que a campanha do Mercadente fosse mais corajosa e incisiva na discussão sobre os problemas que afetam todos nós aqui em São Paulo. A campanha tem sido pobre no que diz respeito ao debate de temas tão caros a nós. Falta mais firmeza em chamar os 16 anos do PSBD em São Paulo pelo seu nome mais apropriado: um desastre político, social e humano. Até mesmo as 13 propostas para São Paulo, apresentadas pelo candidato do PT carecem de mais vigor. Ouviu os movimentos? Ouviu as associações de classe, as igrejas, as gentes das periferias urbanas? São Paulo merece - e Mercadante tem competência para oferecer - propostas melhores.

Havia um tempo em que o anel de tucum no dedo selava o compromisso cristão com a justiça social. Era (e é) uma característica daquela militância social comprometida com os mais pobres, doa em quem doer. É pedir muito para Aloisio Mercadante no contexto em que a pobreza da imaginação política é uma doença que acomete as nossas melhores apostas políticas. Mas o anel de tucum no dedo do senador bem que poderia ser um convite às origens. Ao deixar de fora as questões mais espinhosas de São Paulo - como a violência policial contra os negros, o complexo industrial prisional, a privatização dos hospitais públicos, o estado como negócio privado, entre outros - Mercadante perde a oportunidade de reunir uma frente ampla contra uma gente que continua imbatível em sua insensibilidade humana.

Isso dito, 13 razões para não votar em Geraldo Alckmin:

1 - POLÍCIA E JUVENTUDE NEGRA - A polícia paulista é uma das que mais mata no país. Nos últimos dez anos foram quase 6 mil mortes, a maioria de jovens negros e pobres das periferias de São Paulo, Baixada Santista, Campinas; (O PCB tentou fazer o debate via Odair dias, mas a Justiça concedeu liminar ao PSDB para retirar campanha do ar);

2 - SISTEMA PRISIONAL - São Paulo possui o maior contigente de pessoas encarceradas do país. No governo do PSDB houve um aumento de quase 200% na taxa de encarceramento, passando de 56 mil em 1996 para 167 mil em 2010. A maioria dos presos são jovens negros e pobres (só PSOL abordou o assunto até o momento);

3 - RDD - Para combater a criminalidade, o governo paulista incrementou uma série de medidas que atentam contra o estado democrático de direitos. O Regime Disciplinar Diferenciado faz parte do pacote;

4 - POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA - O número de pessoas em situação de rua no governo DEM-PSDB mais do que triplicou. Nem a Prefeitura de São Paulo sabe ao certo quantas pessoas moram nas ruas da capital. Os movimentos sociais estimam que haja 15 mil; A política pública para a população em situação de rua é a distribuição de sopa e/ou a polícia;

5 - CAOS NA SAÚDE - Ao contrário do que a propaganda diz, o sistema de saúde em São Paulo piora a cada dia. Hemodiálise, quimioterapia, consultas médicas.....média de seis meses de espera;

6 - PRIVATIZAÇÕES - Os hospitais públicos estão sendo entregues à iniciativa privada por meio de transferência de recursos. São as grandes empresas médicas como Albert Eistein, Santa Marcelina, Siro Libanês que estam lucrando. Estrategia de atendimento: porta-fechada;

7 - FALÈNCIA NA EDUCAÇÃO PÚBLICA - São Paulo registra os piores índices na avaliação da educação pública de nível fundamental-médio. O desempenho pífio da educação pública em São Paulo foi explicada pelo PSDB como culpa dos nordestinos que baixariam a média paulista;

8 - SALÁRIO DOS PROFESSORES - O governo do PSDB paga mal os seus professores e trata-os como bandidos. Quem não se lembra das cenas de violência contra as manifestações dos professores por melhores salários?

9 - HABITAÇÃO - A população das áreas de risco em São Paulo recebe da Prefeitura R$ 5 mil para desocupar a área. O dinheiro dá apenas para comprar um outro barraco em outra área de risco;

10 - ENCHENTES - O governo PSDB-DEM gasta mais com propaganda do que com a manutenção dos piscinões e a contenção de encostas. O último crime: a população do Jardim Romano (na capital) ficou mais de um mês embaixo d'àgua;

11 - CRACOLÂNDIA - Cracolândia não é apenas a região central de Sampa. A cidade inteira virou uma cracolândia! Faltam clínicas de atendimento. A política de combate ás drogas tem sido a prisão ou a morte;

12 - COTAS NAS UNIVERSIDADES - São Paulo é um dos poucos estados brasileiros a não adotar um programa de ações afirmativas nas universidades. As universidades paulistas são brancas e ricas. USP e Unicamp torraram milhões de reais em programas de inclusão sem impacto na redução das desigualdades educacionais entre pobres e ricos, negros e brancos;

13 - AS POLÍTICAS PÚBLICAS DO PSDB: O PSDB reforça o caráter assistencialista, ao invés de valorizar a perspectiva dos direitos. Olhe só quais são as políticas públicas deles:


TRANSFERÊNCIA DE RENDA = Cesta básica, leve leite

SEGURANÇA ALIMENTAR = Bom prato

JUVENTUDE POBRE E NEGRA = Polícia, prisão e morte

POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA = Sopa, albergue, vale-passagem para o nordeste

EDUCAÇÃO = aprovação automática

SAÚDE: mutirão (feira da saúde)

SEGURANÇA PÚBLICA = 'resistência seguida de morte'

INCLUSÃO DIGITAL = Acessa São Paulo ( 1 hora de acesso nos poupa-tempos)


Chupa essa manga!

Jaime